Hapag-Lloyd prevê uma queda significativa nos lucros este ano, enquanto a atual situação no Mar Vermelho complica ainda mais a já desafiadora conjuntura econômica e política. O setor de transporte de contêineres sofre com um excesso de oferta de navios e carga insuficiente, o que provocou uma queda nos fretes das alturas inflacionadas pela pandemia. Hapag-Lloyd está respondendo à pressão dos fretes intensificando a redução de custos, buscando economias em suas atividades de aquisição e ajustando sua rede. As hostilidades no Oriente Médio sustentaram temporariamente as tarifas, pois ataques a navios mercantes no Mar Vermelho forçaram as empresas de navegação a desviar seus navios por milhares de quilômetros para evitar a área. Isso levou a uma limitação de capacidade e ao aumento dos fretes.
Independente do resultado do conflito, o alto número de entregas de navios neste ano levará a um aumento gradual da capacidade de transporte, o que provavelmente terá um impacto negativo sobre a evolução das taxas de frete, conforme indicações da empresa. Além disso, custos de transporte mais elevados devido a tempos de viagem mais longos ao redor do Cabo da Boa Esperança e a incorporação do setor de navegação no sistema de comércio de emissões europeu, que visa limitar as emissões do setor, provavelmente superarão as medidas de redução de custos planejadas, acrescentou.
O analista do Citi, Sathish Sivakumar, disse em uma nota que essas previsões de custos são decepcionantes e que as perspectivas de resultado podem, portanto, divergir das expectativas dos especialistas. As ações da empresa caíram 1,5% no início do pregão.
Hapag-Lloyd anuncia que a taxa média de frete caiu cerca de 48% em 2023, enquanto os volumes de transporte aumentaram 0,5%. A empresa de navegação alemã espera registrar um EBITDA de 1 a 3 bilhões de euros (1,1 a 3,3 bilhões de dólares) em 2024, com um EBIT entre uma perda de 1 bilhão de euros e um lucro de 1 bilhão de euros.
No ano de 2023, foram reportados um EBITDA de 4,46 bilhões de euros e um EBIT de 2,53 bilhões de euros. A empresa atualmente espera que os volumes de transporte possam ser ligeiramente aumentados este ano, enquanto a taxa de frete média provavelmente diminuirá significantemente. No entanto, alertou que o desenvolvimento volátil das tarifas e os desafios geopolíticos significam que as projeções estão sujeitas a uma considerável incerteza.
"Estamos satisfeitos com o início satisfatório do ano fiscal em curso, porém o ambiente econômico e político continua volátil e desafiador - especialmente diante da situação atual no Mar Vermelho", disse o presidente do conselho, Rolf Habben Jansen.
A empresa registou um lucro líquido de 2,95 bilhões de euros em 2023, em comparação com 17,04 bilhões de euros no ano anterior, à medida que as vendas caíram 48%. Explicou que o ano de 2023 foi marcado por uma demanda inicialmente fraca e taxas de frete consideravelmente mais baixas para o transporte de contêineres, o que afetou negativamente a trajetória de receitas e lucros. Propôs um dividendo total de 9,25 euros, contra 63 euros no ano anterior.
Em um anúncio separado na quinta-feira, a empresa disse que o Conselho de Supervisão concordou com a extensão antecipada do contrato de Jansen como CEO até 31 de março de 2029. Originalmente, ele expiraria em 2027. Além disso, o contrato de Donya-Florence Amer como Diretora de Informática e Diretora de Recursos Humanos foi estendido por mais cinco anos até 31 de janeiro de 2030.
"Rolf Habben Jansen faz um trabalho excelente na Hapag-Lloyd há quase uma década", disse Michael Behrendt, presidente do Conselho de Supervisão. "Ao renovarmos a nomeação de Rolf Habben Jansen, o Conselho de Supervisão aposta na continuidade."
