O presidente da França, Emmanuel Macron, fez graves acusações contra a oposição após a queda do governo do primeiro-ministro Michel Barnier por meio de um voto de desconfiança e enfatizou que exercerá seu mandato até 2027. "A responsabilidade que vocês me atribuíram democraticamente é um mandato de cinco anos, e vou cumpri-lo até o fim", declarou Macron na quinta-feira, em sua primeira declaração após a crise política.
Barnier, cujo mandato de apenas três meses é o mais curto da história da Quinta República, foi derrubado por uma moção de censura iniciada por um parlamento dividido. Este resultado segue-se às eleições antecipadas perdidas no verão, que levaram a uma situação de impasse entre três blocos políticos – nenhum deles com uma maioria clara.
Macron prometeu nomear "nos próximos dias" um novo primeiro-ministro que enfrentará os mesmos desafios políticos. "A oposição escolheu o caos", criticou ele, em particular, o partido de extrema direita Rassemblement National (RN) e a aliança de esquerda Nouveau Front Populaire (NFP). Ambos teriam "apenas o objetivo de provocar e preparar as eleições presidenciais".
A moção de desconfiança também derrubou o orçamento para 2025, que previa um pacote de 60 bilhões de euros em aumentos de impostos e cortes de gastos. O objetivo era reduzir o déficit de mais de seis por cento em 2024 para cerca de cinco por cento no próximo ano. O RN havia anunciado que bloquearia o orçamento se suas demandas não fossem atendidas e cumpriu essa ameaça, apesar das concessões de Barnier.
Até o final do ano, um novo orçamento deve ser aprovado para garantir a continuidade dos serviços públicos. Macron anunciou que apresentará até meados de dezembro uma lei financeira especial para assegurar as medidas transitórias necessárias.
A formação de um novo governo é dificultada pelas profundas divisões no parlamento. Macron enfrenta a escolha de formar novamente uma aliança com o partido Les Républicains de Barnier ou buscar uma nova configuração política. Tentativas de atrair partidos de esquerda moderada da aliança com La France Insoumise não tiveram sucesso até agora. LFI e RN sinalizaram que rejeitarão qualquer primeiro-ministro que não seja de seu respectivo campo.
Marine Le Pen, presidente do RN, declarou: "Não haverá primeiro-ministro do Novo Frente Popular." Ao mesmo tempo, a LFI anunciou que irá "censurar automaticamente" qualquer candidato não-esquerdista.
Macron agradeceu a Barnier, um político experiente e ex-chefe negociador do Brexit da UE, pelos seus serviços. Barnier permanecerá em uma função de transição até que um novo primeiro-ministro seja nomeado. A crise política é um teste não apenas para o governo de Macron, mas também para toda a estabilidade institucional da França.