Ucrânia surpreende com ataque à região russa de Kursk

A Ucrânia lançou notáveis ataques com mísseis e drones no decorrer de uma operação militar abrangente na região russa de Kursk. Isso forçou Moscou a retirar tropas da frente ucraniana. Esta ousada ofensiva representa um dos ataques mais marcantes desde o início da invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia em 2022. O presidente Vladimir Putin classificou o incidente como uma "grande provocação" e acusou as forças ucranianas na quarta-feira de disparar mísseis indiscriminadamente contra alvos civis. Segundo relatos, 28 moradores ficaram feridos e pelo menos cinco morreram, segundo a agência de notícias russa Tass. Kyiv não se pronunciou até o momento sobre as operações. O ataque ocorre em um momento crítico para a Ucrânia, que continua a perder territórios para o superior exército russo. As forças ucranianas também enfrentam desafios para motivar e reforçar suas tropas exaustas, enquanto consideram a possível perda de apoio dos EUA em uma eventual reeleição de Donald Trump em novembro. Desde a manhã de terça-feira, as operações surpresas continuaram, acompanhadas de intensos combates que se estenderam até a noite e a quarta-feira. As tropas de Kyiv desde então assumiram o controle de algumas aldeias, derrubaram aeronaves e destruíram veículos militares, segundo o Ministério da Defesa russo. De acordo com blogueiros militares, testemunhas oculares e materiais de vídeo e fotos verificados pelo Financial Times, essas informações foram confirmadas. Incursões anteriores além-fronteiras sob comando ucraniano incluíram cidadãos russos lutando por Kyiv. No entanto, esta invasão se destaca pelo uso de forças armadas convencionais ucranianas em comparação com operações anteriores. Alexei Smirnov, o governador interino da região, assegurou que a situação está "sob controle" e que os moradores das áreas fronteiriças afetadas pelo fogo de artilharia estão sendo evacuados. Autoridades russas alegam que impediram a expansão das tropas ucranianas com ataques aéreos e operações de tropas. Enquanto isso, unidades da região ucraniana de Sumy relataram que tropas russas retaliaram com ataques aéreos, afirmando ter derrubado "um míssil balístico, dois VANTs e um helicóptero". A Rússia afirmou ter destruído 50 veículos blindados e matado 260 soldados ucranianos. Um alvo particular das tropas ucranianas foi uma estação de trânsito de gás em Sudzha, um dos poucos gasodutos restantes que transportam gás russo para a Europa. Segundo analistas, um dos principais objetivos de Kyiv poderia ser forçar a Rússia a retirar tropas do leste da Ucrânia. Mick Ryan do Lowy Institute também vê uma motivação política por trás da operação: "O governo da Ucrânia quer deslocar o momentum e a narrativa estratégica." No entanto, outros especialistas duvidam da eficácia da operação de Kursk, dados os fardos defensivos e os recursos limitados do exército ucraniano. No final, permanece questionável qual impacto real esta operação ofensiva terá no curso da guerra.