OBR questiona a herança de Reeves – buraco de dívidas ou pessimismo exagerado?

A discussão fantasma sobre o suposto "buraco da dívida" de 22 bilhões de libras que Rachel Reeves teria herdado do governo conservador ganhou novo ímpeto. O órgão oficial de controle orçamentário, o Office for Budget Responsibility (OBR), levantou dúvidas sobre a apresentação da situação financeira após a saída de Jeremy Hunt. O OBR mencionou custos ocultos de 9,5 bilhões de libras, que foram atribuídos à atual ministra das Finanças, Reeves. O veredito sobre a herança financeira de Reeves foi publicado paralelamente à avaliação do seu primeiro orçamento político tributário. Richard Hughes, chefe do OBR, ilustrou o vazio financeiro com autodepreciação desarmante, dizendo que "não é um astrônomo" e que não entende de analisar "buracos negros". No entanto, ficou claro que o Ministério das Finanças já estava ciente das pressões iminentes antes do orçamento de março. Os documentos revelaram que a herança de Hunt, de fato, deixou um déficit no orçamento público para este ano. No entanto, esse déficit é menos da metade dos 22 bilhões de libras que Reeves mencionou, o que coloca em dúvida seus aumentos de impostos abrangentes, que poderiam entrar para a história do Reino Unido. Hughes acrescentou que o governo atual simultaneamente disponibilizou 23 bilhões de libras para aumentar os limites de gastos para este ano. Curiosamente, esses gastos provêm tanto da compensação de lacunas financeiras existentes quanto de novas políticas anunciadas pelo governo desde março. Apesar dos alertas financeiros, Reeves decidiu intensificar os gastos e não apenas cobrir os déficits existentes, mas ir além deles. No meio do debate, o chanceler sombra acusou o OBR de ativismo político – uma reviravolta irônica, já que a instituição foi criada por seu próprio partido. Jeremy Hunt reclamou ao OBR e à administração civil superior sobre o momento delicado e a revisão incomum, que poderiam prejudicar a imparcialidade. A publicação dos resultados da investigação foi deliberadamente adiada por causa das informações supostamente "sensíveis ao mercado" e, finalmente, foi considerada necessária como base para a avaliação mais ampla da política financeira de Reeves. Os resultados pintam um quadro pouco lisonjeiro da gestão de Hunt, descrevendo o potencial de ultrapassar as metas orçamentárias como o mais grave desde a crise da COVID-19.