Autoridades reguladoras chinesas impõem multa recorde à PwC por auditoria da Evergrande

As autoridades reguladoras chinesas suspenderam na sexta-feira a unidade da PwC na China continental por seis meses e aplicaram uma multa recorde de 441 milhões de yuans (62 milhões de dólares). Isto devido à auditoria do fracassado desenvolvedor imobiliário China Evergrande Group. A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC) acusou a PwC Zhong Tian LLP de "ignorar" e "até mesmo tolerar" as fraudes financeiras da Evergrande. Isso ocorreu durante a auditoria dos resultados anuais da unidade principal Hengda Real Estate e o suporte na emissão de títulos em 2019 e 2020. A PwC Zhong Tian aceitou em uma declaração que os trabalhos de auditoria na Hengda não atingiram os próprios altos padrões. Afirmaram estar determinados a corrigir as deficiências e melhorar os métodos de trabalho. As sanções são as mais severas já recebidas por uma das empresas de auditoria "Big Four" na China e ocorrem em um contexto de êxodo de clientes e demissões na PwC nos últimos meses. No ano passado, a filial da Deloitte em Pequim também foi multada pesadamente e teve uma suspensão de operações de três meses. Gary Ng, Economista Sênior para a região Ásia-Pacífico na Natixis, destacou que a maior carga para a PwC, além da multa, é a perda de reputação, que afetará a capacidade de atrair novos clientes. A interrupção das operações impedirá que a PwC Zhong Tian assine certos documentos-chave para clientes na China continental nos próximos seis meses, como resultados e pedidos de IPO. Além disso, a unidade está proibida de aceitar novos clientes estatais ou listados na bolsa pelos próximos três anos. Adicionalmente, Daniel Li, Sócio Sênior de Território da PwC China, renunciou após apenas dois meses no cargo. Hemione Hudson assumiu o lugar de Li, que continuará atuando como Contador Chefe na firma. O Ministério das Finanças da China (MOF) também ordenou o fechamento da filial da PwC em Guangzhou, que liderou os trabalhos de auditoria na Hengda. Foi constatado que a PwC Zhong Tian e a filial em Guangzhou "tinham conhecimento de declarações significativamente falsas" na auditoria do desenvolvedor entre 2018 e 2020, mas não as reportaram e até emitiram relatórios de auditoria falsos. Em uma declaração, a CSRC informou que 88% das atas de observação da PwC sobre os projetos imobiliários da Evergrande em 2019 e 2020 eram "inautênticas" ou "falsas", tornando os documentos de auditoria "gravemente não confiáveis". Mais de 50 empresas chinesas, nos últimos meses, abandonaram a PwC como auditora ou desistiram de planos de contratá-la após o início da investigação regulatória.