O governo dos Estados Unidos, sob o presidente Joe Biden, quer fechar uma brecha na lei comercial que plataformas chinesas de comércio eletrônico como Temu, Shein e AliExpress utilizaram para trazer mercadorias baratas para os EUA. Essas empresas aceleraram seu crescimento enviando pacotes de baixo custo diretamente aos consumidores americanos e, assim, utilizaram a regra "de minimis" para evitar tarifas de importação.
Na sexta-feira, a Casa Branca apresentou novas regulamentações que excluiriam uma ampla gama de mercadorias dessas isenções. A regra "de minimis" atualmente permite importações isentas de impostos para remessas com valor inferior a 800 dólares. De acordo com as novas regulamentações, será mais complicado reivindicar o status isento de impostos para essas remessas.
Os EUA anunciaram que o número de remessas que chegam ao país sob esta regra aumentou de cerca de 140 milhões por ano há uma década para mais de um bilhão. Essa imensa quantidade de pacotes dificulta que as autoridades parem produtos defeituosos ou substâncias ilegais como o fentanil.
As regras planejadas pela administração Biden visam minar o modelo de negócios dos gigantes chineses do comércio eletrônico que ganharam participação no mercado em relação a plataformas como a Amazon contornando as tarifas. Vendedores na Amazon geralmente enviam suas mercadorias em grandes quantidades para armazéns e devem pagar tarifas de importação. Estas se tornaram mais caras durante a administração Trump, quando tarifas mais altas foram impostas a muitas importações chinesas.
Particularmente afetados pelos altos impostos estão os têxteis – um produto central do rapidamente crescente fornecedor de moda Shein, que atualmente busca uma listagem na bolsa de valores de Londres. Temu e AliExpress também podem ter que se adaptar aos novos requisitos, localizando ainda mais suas cadeias de suprimentos.
O anúncio das novas regras já teve impacto na bolsa de valores: As cotações nos EUA da PDD Holdings, empresa-mãe da Temu, fecharam na sexta-feira 2,4% mais baixas, enquanto as da Alibaba, empresa-mãe da AliExpress, caíram 0,9%.
As medidas dos EUA seguem preocupações semelhantes na União Europeia, onde as isenções fiscais para importações chinesas também estão sendo examinadas. Kim Glas, chefe do Conselho Nacional das Organizações Têxteis, elogiou a decisão do governo dos EUA e pediu o fim definitivo da brecha "de minimis".
Ministra do Comércio dos EUA Gina Raimondo declarou: "Trabalhadores e empresas americanos podem competir globalmente, mas por muito tempo, plataformas de comércio eletrônico chinesas têm evitado tarifas abusando da regra de 'de minimis'.