Tribunal impede aquisição do Aeroporto de Nairóbi pelo Grupo Adani

O Supremo Tribunal do Quênia suspendeu temporariamente os planos do governo de transferir a gestão do principal aeroporto do país para o grupo indiano Adani. Esta medida decorre de uma considerável oposição local e marca o mais recente revés na expansão internacional do conglomerado. Na segunda-feira, o tribunal ordenou o bloqueio de uma proposta do governo para conceder uma concessão de 30 anos do Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta à empresa de infraestrutura liderada por Gautam Adani, o segundo homem mais rico da Índia. A Ordem dos Advogados do Quênia e a Comissão de Direitos Humanos do Quênia, que apresentaram a petição, argumentaram que os cerca de 1,85 bilhões de dólares necessários para a renovação do aeroporto poderiam ser obtidos sem um contrato de concessão de longo prazo. As organizações declararam em sua petição que a proposta é insustentável, coloca em risco empregos, expõe desproporcionalmente o público a riscos fiscais e não oferece valor agregado aos contribuintes. Elas descreveram a iniciativa como "irracional" de acordo com a Constituição queniana. Desde o seu anúncio em julho, a planejada transferência para o maior operador privado de aeroportos da Índia provocou protestos no Quênia, que foram reprimidos pela polícia. O sindicato dos trabalhadores da aviação queniana também se opôs aos planos, temendo que postos de trabalho locais sejam perdidos e estrangeiros sejam contratados. No entanto, a Autoridade de Aeroportos do Quênia argumentou que a proposta de Adani para renovar a instalação e investir em um novo terminal, bem como em uma pista de pouso e decolagem, era necessária para modernizar a "infraestrutura obsoleta" do maior aeroporto na economia mais avançada da África Oriental. Adani está empreendendo novos passos para expansão internacional, incluindo um acordo portuário na Tanzânia, após ser gravemente atingido no início do ano por acusações de fraude feitas pelo vendedor a descoberto norte-americano Hindenburg Research. Essas acusações foram repetidamente negadas por Adani. O conglomerado do magnata frequentemente desenvolve seus negócios em alinhamento com os objetivos de infraestrutura do primeiro-ministro indiano Narendra Modi. No entanto, os negócios internacionais de Adani são repetidamente criticados e enfrentam reveses. A empresa retirou-se de Mianmar após o golpe de 2021, enquanto seus projetos portuários e de energia no Sri Lanka e em Bangladesh geraram descontentamento local. O principal partido de oposição na Índia, o Congresso Nacional Indiano, alega que o governo Modi utiliza seu poder diplomático para promover os interesses internacionais de Adani, enquanto políticos em países como Sri Lanka expressaram preocupações sobre o processo de aquisição. Um porta-voz do partido de oposição declarou que a aquisição do aeroporto em Nairóbi levou a protestos generalizados, que poderiam facilmente se transformar em fúria contra a Índia e o governo indiano. Ativistas também criticaram um acordo de Adani para fornecimento de energia a carvão a Bangladesh, afirmando que resultou em altos custos, o que Adani rebateu, alegando serem competitivos. Recentemente, a empresa alertou sobre uma inadimplência de 500 milhões de dólares pela nova administração de Bangladesh. Adani e o governo indiano negam que o conglomerado se beneficie de favorecimento indevido. No momento da publicação, a Adani Group não havia se manifestado.