O candidato democrático em um dilema: Walz contra Vance

O debate de vice-presidência dos EUA entre Tim Walz e JD Vance aumentou ainda mais a situação já tensa antes das eleições presidenciais de 2024. Depois que Walz teve um desempenho medíocre na noite de terça-feira, os democratas esperam agora que esse debate não tenha um impacto significativo no resultado eleitoral. No início do debate, o site de apostas políticas Polymarket avaliava as chances de vitória de Walz em 70%. No entanto, ao final da noite, essa avaliação caiu para 33 centavos. Isso é particularmente doloroso para os democratas, já que a audiência deve ser bem menor do que os quase 70 milhões de telespectadores que assistiram ao encontro entre Kamala Harris e Donald Trump no mês passado. Este debate foi provavelmente o último grande evento da campanha presidencial de 2024. Trump até agora não mostrou interesse em concordar com outro encontro com Harris. Dada a gravidade dos problemas de autoimagem em seu primeiro encontro, isso é compreensível. No entanto, independentemente do "duelo de vices" de terça-feira, outros eventos provavelmente terão impactos muito maiores no resultado eleitoral de 5 de novembro. A notícia de um ataque com mísseis iranianos contra Israel dominou o dia, aumentando o medo de um conflito maior no Oriente Médio. Um aumento contínuo nos preços do petróleo levaria a preços mais altos de combustíveis nos EUA e enfraqueceria a confiança dos consumidores, o que poderia prejudicar Harris. O caos no Oriente Médio, por outro lado, tende a beneficiar Trump. Além disso, Trump cancelou sua participação no amplamente respeitado programa "60 Minutes" da CBS na próxima semana, enquanto Harris confirmou sua participação. Seu desempenho nessa entrevista e a ausência de Trump provavelmente permanecerão mais na memória dos eleitores indecisos do que o debate entre Vance e Walz. No próprio debate, três aspectos notáveis emergiram. O primeiro foi a apresentação confiante e fluente de Vance, embora acompanhada de mentiras flagrantes. Ele afirmou nunca ter apoiado uma proibição nacional do aborto e que Trump teria fortalecido o Affordable Care Act, embora o contrário seja verdadeiro. Vance também evitou persistentemente perguntas sobre a legitimidade das eleições de 2020, o que poderia prejudicá-lo no futuro. Em segundo lugar, Walz parecia nervoso e inseguro. A campanha Harris-Walz até agora evitou enfrentar questões difíceis da mídia convencional, enquanto Vance estava quase semanalmente presente nos grandes programas matinais de domingo. Essa estratégia de mídia pode se revelar um erro, pois os eleitores indecisos querem mais informações sobre a política de Harris, mas a campanha fornece poucos detalhes. Finalmente, a noite de terça-feira ofereceu um vislumbre de possíveis futuros políticos da América. Dado o diferencial de idade entre os candidatos principais e seus substitutos, a apresentação de Vance foi de maior importância. O Vance, de 40 anos, tem quase metade da idade de Trump, o que aumenta a probabilidade de que Trump renuncie em favor de Vance em um segundo mandato. Vance apresentou o trumpismo de uma forma aceitável – firme em suas convicções, mas moderado em sua apresentação. No ano passado, a esperança republicana estava em Ron DeSantis, da Flórida, mas ele desapontou. Vance, por outro lado, pode ter um futuro político, independentemente do resultado das próximas eleições. Os liberais devem ser alertados; Vance é um nacionalista cristão rigoroso e não deve ser subestimado.