Canto como Remédio: Um projeto especialmente pessoal de Joshua Hopkins

Para muitos cantores de ópera, a questão central na preparação de um novo papel é: quais experiências pessoais posso utilizar para representar meu personagem de forma convincente? Para o barítono canadense Joshua Hopkins, que em breve fará sua estreia orquestral com um ciclo de canções na Carnegie Hall, em Nova Iorque, essa questão recebe uma resposta particularmente impactante. O ciclo "Songs for Murdered Sisters", composto por Jake Heggie com textos da famosa autora Margaret Atwood, é baseado em um trauma pessoal de Hopkins: o assassinato de sua irmã Nathalie Warmerdam em 2015. Nathalie Warmerdam foi uma das três vítimas de um ataque violento no Condado de Renfrew, Ontário, onde seu ex-parceiro matou ela e mais duas mulheres. Este ato brutal transformou Hopkins em um ativista contra a violência de gênero. "Não precisava do assassinato da minha irmã para me conscientizar sobre a onipresença dessa problemática", diz Hopkins em uma entrevista de sua casa em Houston. "Songs for Murdered Sisters" é o monumento musical de Hopkins para sua irmã. O ciclo abrange oito peças, que retratam uma ampla gama emocional. De explosões de raiva a memórias sonhadoras dos jogos de infância com sua irmã — Hopkins usa sua voz para encontrar uma expressão profundamente pessoal. "O único meio que tenho como músico, artista e ator para honrá-la é expressar minhas emoções através do canto", explica ele. A colaboração com Jake Heggie e Margaret Atwood, que ele chama de "time dos sonhos", foi crucial para Hopkins. A pandemia atrasou a estreia das canções, mas levou a uma abordagem incomum: a obra foi primeiramente gravada e filmada, algo que ele descreve como uma "experiência catártica". Hopkins espera, com o poder da música ao vivo e do drama, efetuar mudanças e apoiar plataformas como a campanha White Ribbon. "Há um poder especial no som da voz humana", diz ele. Através de sua perda pessoal e a vulnerabilidade associada, Hopkins espera inspirar as pessoas a confrontarem suas emoções. A profundidade emocional e a capacidade da música de trazer cura são descritas por Hopkins como um presente inesperado. A combinação dos textos de Atwood e das composições de Heggie oferece-lhe um caminho para transformar a tragédia em algo significativo. Um memorial no Condado de Renfrew lembra as vítimas de violência na região, e Hopkins deseja que sua música seja um pequeno passo em direção a um mundo sem essas pedras memoriais.